Traidores. Assim eram chamados os homens e mulheres que fugiam de Cuba nos anos 90 e rumavam para os Estados Unidos. Para todos, eram desertores, a escória da ilha de Fidel Castro.
Mas o que poucos sabiam é que eles faziam parte da Rede Vespa, um grupo de doze homens e duas mulheres que se infiltrou nos Estados Unidos e cujo objetivo era espionar alguns dos 47 grupos anticastristas sediados na Flórida. O motivo dessa operação temerária era colher informações com o intuito de evitar ataques terroristas ao território cubano.
De fato, algumas dessas organizações ditas “humanitárias” se dedicavam a atividades como jogar pragas nas lavouras cubanas, interferir nas transmissões da torre de controle do aeroporto de Havana e, quando Cuba se voltou para o turismo, depois do colapso da União Soviética, sequestrar aviões que transportavam turistas, executar atentados a bomba em seus melhores hotéis e até disparar rajadas de metralhadoras contra navios de passageiros em suas águas territoriais e contra turistas estrangeiros em suas praias.
Em cinco anos, foram 127 ataques terroristas, sem contar as invasões constantes do espaço aéreo cubano para lançar panfletos que, entre outras coisas, proclamavam: “A colheita de cana-de-açúcar está para começar. A safra deste ano deve ser destruída. [...] Povo cubano: exortamos cada um de vocês a destruir as moendas das usinas de açúcar”. Em trinta ocasiões, Havana formalizou protestos contra Washington pela invasão de seu espaço aéreo por aviões vindos dos Estados Unidos - sem nenhum efeito. Enquanto isso, em entrevistas, líderes anticastristas na Flórida diziam explicitamente: “A opinião pública internacional precisa saber que é mais seguro fazer turismo na Bósnia-Herzegovina do que em Cuba”.
Os últimos soldados da Guerra Fria narra a incrível aventura dos espiões cubanos em território americano e revela os tentáculos de uma rede terrorista com sede na Flórida e ramificações na América Central, e que conta com o apoio tácito nos Estados Unidos de membros do Poder Legislativo e com certa complacência do Executivo e do Judiciário.
Ao escrever uma história cheia de peripécias dignas dos melhores romances de espionagem, Fernando Morais mostra mais uma vez como se faz jornalismo de primeira qualidade, com rigor investigativo, imparcialidade narrativa e sofisticados recursos literários.
Sobre o autor:
Fernando Morais nasceu em Mariana-MG em 1946. É jornalista desde 1961. Trabalhou nas redaçoes do Jornal da Tarde, Veja, Folha de S. Paulo e TV Cultura. Recebeu tres vezes o Premio Esso e quatro vezes o Premio Abril de Jornalismo. Foi deputado (1978-1986), secretário da Cultura (1988-1991) e da Educaçao (1991-1993) do Estado de Sao Paulo. É autor do roteiro da minissérie documental Cinco dias que abalaram o Brasil, sobre o suicídio do presidente Getúlio Vargas, exibida pelo canal GNT/Globosat. Antes de Os últimos soldados da Guerra Fria, escreveu os livros Transamazônica (esgotado), A Ilha, Olga, Chatô, o rei do Brasil, Cem quilos de ouro, Coraçoes sujos (Premio Jabuti - Livro do Ano de 2001), Toca dos Leoes, Montenegro e O Mago (biografia do escritor Paulo Coelho, traduzido em dezenas de idiomas). Publicado em mais de vinte países, em 2004 Olga foi transformado em filme pelo diretor Jayme Monjardim,
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário: