07/10/2011

Viagem Solitária - João W. Nery

(Editora LeYa Brasil, 2011, 336 folhas, 44,90 reais)

A editora LeYa Brasil lança “Viagem Solitária”, de João W. Nery, livro autobiográfico que conta a história de João, que no final da década de 70 ousou e fez uma cirurgia de mudança de sexo. Nascia ali a história do primeiro transhomem operado no Brasil.

João nasceu mulher, mas estava aprisionado neste corpo estranho, uma sensação que ele reconheceu desde muito cedo.

Foi durante a Ditadura Militar, em 1977, que se submeteu à primeira cirurgia de mudança de sexo. Naquela época, as clínicas e os hospitais ainda não estavam liberados para fazer esse tipo de cirurgia, e os médicos que se propunham a realizá-las eram considerados mutiladores, a ponto do médico que operou o João chegar a ser indiciado – e condenado há 2 anos de prisão – por lesão corporal por uma mesma cirurgia de mudança de sexo, feita em 1971.

Em “Viagem Solitária” João conta desde sua infância reprimida, a adolescência solitária, as dificuldades amorosas, a perda de seu diploma de psicologia – que deixou de ter validade com a mudança de sexo – e as dificuldades jurídicas quanto ao seu novo nome, os quatro casamentos e seu maior orgulho, a paternidade.

“Este é um livro imprescindível para todos os que queiram ver melhor o espanto que é o ser humano: a dimensão e a importância do componente sexual como fonte da identidade individual e social são aqui penetradas com a vitalidade de uma vida vivida: sofrimentos e alegrias, e misérias e esperanças — não apenas do personagem autobiográfico — compõem esta realidade, e o que daí emerge é um real mais forte do que o captado pela ciência e um romance mais pungente que as ficções romanescas.” Antônio Houaiss.

“A minha primeira impressão é que João não nasceu mulher e quis virar homem. Nada disso. João nasceu homem, mas preso num corpo de mulher.” Millos Kaiser.

“Este é um livro sobre integridade, um valor muito caro à sociedade de João. Devolve ao leitor o paradoxo da relação entre integridade e mutilação: chegar à mutilação em nome da integridade.” Hélio Silva, antropólogo.

Em mais de 300 páginas de autobiografia, João conta sobre sua infância reprimida, a solidão que tomou conta dele durante a adolescência, as dificuldades amorosas, a decisão de se submeter à cirurgia, em 1977, quando a mesma era proibida e os médicos que se dispunham a realizá-la eram indiciados.

O autor também fala sobre a perda de seu diploma de psicologia, ocorrida após a mudança de sexo, os quatro casamentos e o orgulho de ser pai.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente com isso:

    “A minha primeira impressão é que João não nasceu mulher e quis virar homem. Nada disso. João nasceu homem, mas preso num corpo de mulher.”

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário: