[ Editora BoiTempo |
2004 | 240 páginas | R$ 32,90 ]
Composta de estudos antropológicos, sociológicos e
históricos com temas e estudos realizados nas mais diferentes situações, esta
antologia confirma a pluralidade indicada no título “masculinidades”. Os
diversos enfoques sobre o tema da construção da identidade masculina estão
presentes em todos os textos, de autores de vários países e regiões do Brasil,
refletindo sobre como esta identidade é construída em cada contexto retratado.
A seleção e a soma dos artigos nesse livro funcionam como um instigante convite
à reflexão.
O volume, organizado por Mônica Raisa Schpun, pautou-se justamente pela interdisciplinaridade. A pesquisadora Véronique Nahoum-Grappe estuda o estupro como arma sistemática, a partir das guerras ocorridas na década de 90 na ex-Iugoslávia. No Brasil, a relação entre identidade masculina e violência é trabalhada no texto de Lia Zanotta Machado, feito com base em entrevistas com presos por estupro, violência contra a mulher e jovens infratores.
O volume, organizado por Mônica Raisa Schpun, pautou-se justamente pela interdisciplinaridade. A pesquisadora Véronique Nahoum-Grappe estuda o estupro como arma sistemática, a partir das guerras ocorridas na década de 90 na ex-Iugoslávia. No Brasil, a relação entre identidade masculina e violência é trabalhada no texto de Lia Zanotta Machado, feito com base em entrevistas com presos por estupro, violência contra a mulher e jovens infratores.
Luisa Leonini constrói seu trabalho a partir de uma pesquisa sobre os clientes da prostituição em Milão. Daniel Welzer-Lang analisa as relações hierárquicas entre os homens e como elas influem nas questões de gênero. Durval Muniz de Albuquerque Jr. e Rodrigo Ceballos escrevem um interessante artigo sobre a relação dos homossexuais e o espaço urbano no nordeste das décadas de 1970 e 1980, entre a maior aceitação, a construção de territórios próprios e as agressões e ameaças sofridas.
A pesquisadora Susan Clayton analisa os efeitos na identidade de gêneros causado por James Allen, uma female husband que viveu como homem na Inglaterra do século XIX, tendo seu sexo real sido descoberto, inclusive pela esposa, apenas após sua morte. As dificuldades de compreensão do caso e suas repercussões na imprensa e ficção da época são o tema do instigante texto de Clayton.
Adriana Piscitelli disseca como são as representações do masculino e do feminino nas narrativas biográficas e autobiográficas de fundadores de grandes grupos empresariais brasileiros: Atilo Fontana (Sadia), Francisco Matarazzo (Grupo Matarazzo) e Herman Lundgren (Casas Pernambucanas). Como se estrutura a visão do papel do homem, da mulher e da família na elite brasileira.
Da própria Mônica Schpun, um texto sobre Carlota Pereira Queiroz, a primeira mulher a se tornar deputada federal no Brasil. Como ao longo de sua trajetória relacionaram-se características então consideradas “masculinas” com a sua trajetória política pioneira.
Masculinidades traz, assim, uma seleção de textos que se articulam e cobrem diversas direções e campos do saber, ampliando a dimensão do debate sobre gênero.
Mônica Raisa Schpun é pesquisadora do Centre d´Histoire Culturelle des Sociétés Contemporaines (Université de Versailles-Saint-Quentin-en-Yvelines) e do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Universidade Estadual de Campinas. Publicou ‘Beleza em Jogo: cultura física e comportamento em São Paulo nos anos 20’ (São Paulo, Senac/Boitempo, 1999).
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