02/10/2011

Podemos Dizer Adeus Mais de Uma Vez - David Servan-Schreiber

(Editora Fontanar, 140 folhas, 22,00 reais)

Receita para a boa morte

Em Podemos Dizer Adeus Mais de Uma Vez, o psiquiatra francês David Servan-Schreiber relata seus últimos meses de vida. Tocante e espantoso.

Aos 31 anos, completados em 1992, o médico David Servan-Schreiber descobriu um tumor agressivo no cérebro e recebeu um prognóstico assustador: dificilmente sobreviveria mais do que seis meses. No entanto, sobreviveu por mais 19 anos, estudou intensivamente para descobrir como poderia contribuir para a própria cura e criou um programa anticâncer baseado em evidências científicas, que transformou em livro e que o ajudou a fortalecer seu organismo para superar uma recaída anos mais tarde. Ganhador da Medalha Fig, concedida pela revista Le Figaro, "por ter conseguido ganhar tempo contra a doença e por ter transmitido a esperança".

David vendeu mais de um milhão de exemplares de Anticâncer, livro em que fala da importância de uma postura proativa do paciente, ao mesmo tempo em que defende o uso de terapias alternativas aliadas à medicina tradicional. "Anticâncer terminava com a confissão de que eu não sabia quanto tempo ainda viveria. Mas que, seja lá o que acontecesse, eu teria sido feliz por ter escolhido o caminho que consiste em
cultivar ao máximo todas as dimensões de minha saúde, pois essa escolha me permite já ter vivido uma vida bem mais feliz. Hoje reitero aquela afirmação: é preciso alimentar a saúde, alimentar o equilíbrio psíquico, alimentar as relações com os outros, alimentar o planeta em torno de nós. É o conjunto desses esforços que contribui para nos proteger, individual e coletivamente, do câncer, ainda que nunca obtenhamos uma garantia de 100 %.", ponderou o autor.


Em junho de 2010, David descobriu um novo tumor muito agressivo no cérebro. Foi quando decidiu começar a escrever 'Podemos dizer adeus mais de uma vez', um último livro feito para se despedir dos amigos, dos leitores e refletir sobre a vida.

Aos 50 anos, sucumbiu à doença em 24 de julho passado. Morreu como queria — ao som do segundo movimento do Concerto para Piano Nº 23 de Mozart. Seu último livro, Podemos Dizer Adeus Mais de Uma Vez, é uma lição emocionante de como morrer bem ou, como descreveu a revista francesa Paris Match, “um manual de vida estarrecedor”. “Ter a possibilidade de preparar a partida é, na verdade, um grande privilégio. Foi uma oportunidade de dizer adeus a todos os que apreciaram meus livros anteriores ou que vieram me ouvir. Aconteça o que acontecer, tenho grande esperança de que esse adeus não seja o último. Podemos dizer adeus mais de uma vez”, escreveu ele.

Um comentário:

  1. Ele mostrou como a mente e a disciplina são os remédios realmente eficazes para manter o bom funcionamento de uma máquina tão perfeita como o ser humano...

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