06/11/2011

Quase Memória - Carlos Heitor Cony

(Editora Ponto de Leitura|2010|280 folhas|21,90 reais|livro de bolso)

Quase memória' explora o território entre a ficção e a memória a partir das reminiscências do autor sobre o pai morto. Nele, Cony mapeia minuciosamente a relação pai e filho - os sentimentos contraditórios, as alegrias e tristezas que não se esquecem, o afeto incondicional e, acima de tudo, a cumplicidade.

No livro, o autor transformado em personagem recebe um inusitado embrulho. A chegada desse embrulho não era estranha, visto a mania constante do pai de mandar pacotes para onde quer que fosse, desde que algum conhecido, mesmo que remoto, fosse para lá.
O detalhe sinistro é que o pai de Cony, morto havia dez anos na ocasião de entrega, dessa vez tinha providenciado uma origem particular para a encomenda: o além.
Independentemente do conteúdo, a presença do pacote abre as comportas da quase memória. Cony não esconde que o pai que ele nos apresenta no livro talvez seja tão fantasioso como as histórias que o próprio contava com prazer.

Nosso passado é um pacote fechado, composto de enigmas que, mais que fatos, contêm quase ficção. Os espíritos, caso existam, terão que se conformar: a última palavra é dada pela imaginação dos sobreviventes. (Diana Corso – Revista Vida Simples)

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